segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Resenha - Senhor das moscas


Título: Senhor das Moscas
Autor: William Golding
Tradução: Sérgio Flaksman
Editora: Objetiva
Ano: 2014


Tudo começa com um acidente, um avião cai numa ilha deserta e vários meninos, estudantes (são descritos com uniforme) sobrevivem, habitando este paraíso na terra.
A princípio, tudo corre bem, eles tentam viver em ordem e harmonia, com suas próprias regras. Uma delas era manter uma fogueira sempre acesa, para sinalizar que havia alguém ali, caso algum navio avistasse a fumaça. E é por esta figueira que o caos começa.
De repente a ordem do grupo se desfaz e uma parcela dos garotos cria outro grupo, o dos caçadores, começando assim uma guerra com aqueles que continuam no grupo inicial.

A partir daqui não darei spoilers, como o que acontece ou se serão resgatados ou não, apenas uma reflexão: nós nem imaginamos o que somos capazes de fazer, pensar, ouvir e ver em situações extremas, até que estejamos em uma, não importando a idade.

De modo geral, apesar das situações, "Senhor das moscas" é uma obra de fácil leitura, curta e objetiva. Para quem gostou de Jogos Vorazes (que eu não li, só assisti), vai ver muita semelhança, já que Golding o escreveu na década de 50. 

Este livro também é um dos títulos do desafio de leitura Rory Gilmore.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Uma nota de carinho a Gilmore Girls

fonte: Wikipedia

Semana passada eu li "Pessoas Normais", de Sally Rooney e também terminei a 7.ª temporada de "Gilmore Girls" que está disponível na Netflix, junto da minissérie, "Um ano para recordar", sua continuação.

O assunto da série é bem simples, relação mãe e filha, Lorelai Gilmore II e sua filha Lorelai "Rory" Leigh Gilmore, com toda a população da fictícia e pequena Stars Hollow, seus altos e baixos, euforias, frustrações e todas essas coisas pelas quais nós passamos no decorrer de nossas vidas. Acho que muitas adolescentes dos anos 2000 assistiram e podem ter se identificado com seus personagens, riram horrores com as referências e senso de humor da Lorelai... Eu juro que torci para que Rory ficasse com o Jess e para que o Christopher desaparecesse (nem que fosse de uma maneira bem trágica), porque Lorelai e Luke foram feitos um para o outro. 

Tenho um enorme carinho por esta série, quem já conviveu e convive comigo sabe, porém nunca havia assistido até o final, por incrível que pareça... Este carinho era pela Rory adolescente, eu sempre parava de assistir à série quando ela entrava em Yale (sempre acontecia alguma coisa que me impedia de maratonar...) ou (o que é fato) eu achava a Rory uma tremenda chata quando ela chegava à faculdade (talvez uma projeção minha, já que eu era uma chata nessa época também).

Minha opinião sobre a Rory estudante de Yale (e sobra a Ágatha na faculdade) não mudou, mas quem não é um jovem adulto nem que seja pouco, chato?! Talvez eu tivesse medo de ver a Rory crescer.

E do mesmo jeito que em minha vida, coisas e pessoas aconteceram na vida de Rory também e então ela reencontra sua essência, ou seja, volta a ser legal (risos).

Hoje tenho um ano a menos que Lorelai no início da série... De fato tinha medo de ver a Rory crescer, porque vê-la crescer e envelhecer, mesmo sabendo que ela é fictícia, também me diz que eu devo crescer... Mas feliz ou infelizmente, isso tem de acontecer em algum momento da vida... Com a atual bagagem, até cheguei a ver Lorelai como uma mãe narcisista inconsciente, mas na vida adulta da Rory, isso se desfez.

Por mais que "Pessoas normais" não tenha tanto a ver com Gilmore Girls, foi isso que senti assistindo à série, que se trata de pessoas normais, com escolhas, muitas delas nada fáceis, lágrimas, perdas, medos e muitas doses de "vá com medo mesmo". 

Eu poderia passar horas sentada aqui falando de tudo o que gosto nesta série, mas é somente uma nota de carinho a algo que fez e acho que sempre fará parte do que me ajudou a ser quem eu sou, me fez "crescer"... Algo que com sua leveza e bom humor, sem tragédias marcantes, com as quais não dá para lidar, fala da vida!


quarta-feira, 15 de julho de 2020

Resenha - Rose Madder


Título: Rose Madder
Autor: Stephen King
Tradução: Myriam Campello
Editora: Suma de letras
Ano: 2011

**Esta resenha contém pequenos spoilers**

Escrever sobre este livro é/será particularmente difícil, pois o tema é muito delicado: relacionamento abusivo. Neste livro, um casamento.

King nos presenteia com mais uma demonstração de seu incrível detalhismo e logo no início, um terror real em vez de sobrenatural. Pois logo de cara, Rose sofre um aborto, provocado por uma surra que levou do marido. E além disso, nos dá uma pista do que pode acontecer no decorrer da história, mas este spoiler eu não vou dar! xD

Rose McClendon é casada com Norman Daniels, um policial e típico "cidadão de bem", (mas muito mais perturbado do que se imagina) há 14 anos e desde o início deste casamento, nunca mais teve paz em sua vida, já que o marido adorava descontar suas frustrações nela, "falando bem de perto" (uma frase que será lida por todo o livro, sempre que houver uma referência à violência de Norman.

Após os anos de solidão com sua dor, Rose desperta e resolve fugir daquela prisão, quer estar o mais longe que conseguir e é aí que nossa história realmente começa. Claro que conhecendo um pouco de Norman logo no início, sabemos que ele não deixará barato. 

Ele de fato chega até Rose, mais louco do que eu poderia imaginar, mas o que não contava é que além de estar num novo romance, com alguém completamente diferente dele, ela teria uma ajudinha sobrenatural bem inusitada...

Não vi outras opiniões muito detalhadas sobre o livro, mas eu simplesmente queria bater no Norman com toda a força que conseguisse juntar... Nem o histórico dele de criança agredida me fez ter empatia e olha que eu sou muito empática com personagens de livros. Ok, que o único referencial dele era de ódio e violência, mas não dá para engolir.

Há partes em que eu me cansei, como o "sonho" lúcido de Rose no mundo do quadro, o que me fez lembrar de "O cemitério", mas mais estendido.

O fim da história é muito bom, mesmo que em algum ponto, já saibamos o que vai acontecer, também há um epílogo e aí, só lendo para saber.

Estou numa busca não muito alucinada sobre obras de King que falam da "Coisa" para ter referências antes de ler "Torre Negra", acho que trarei mais resenhas do "Rei" para cá.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Resenha - Minha sombria Vanessa


Título: Minha sombria Vanessa
Autora: Kate Elizabeth Russell
Tradução: Fernanda Abreu
Editora: Intrínseca
Ano: 2020

Conheci este livro pela Bel Rodrigues, gosto muito do canal dela. Tem umas análises maravilhosas de várias obras. 

Esta história é um tanto perturbadora, já admito de antemão. Caso a pessoa tenha seus gatilhos ou não esteja bem, talvez seja melhor não ler ou esperar um momento oportuno. Várias avaliações na Amazon e no próprio Skoob tratavam do grau de perturbação que o livro passava. 

Recebemos uma dica do que se tratará pelas citações dos jornais americanos e eu escolhi essa: 

“Um olhar sincero e implacável sobre a maneira como responsabilizamos meninas pelas ações de homens adultos e, pior ainda, sobre como as vítimas são capazes de se culpar.” - THE WASHINGTON POST

Vanessa Wye tem 32 anos e um segredo: Já se relacionou com um professor aos 15, e ele 42. Era o que suas memórias diziam, mas será que foi algo tranquilo mesmo?
A dúvida começa quando Jacob Strane, o professor em questão  está novamente sob investigação , devido à acusação de abuso feita por uma ex-aluna.

É aí que começa a história de Vanessa, contada em primeira pessoa, a narrativa tem capítulos alternados entre passado (2000 a 2007) e presente (2017). Um Strane que dá subsídios para que Vanessa se torne quem ele precisa, para sua trama de abuso físico, psicológico e sexual, sim, mas não fornecerei detalhes. 

Meu maior incômodo durante a leitura, foi, por diversas vezes ver algo ali, "na cara" e a Vanessa em negação, justamente pelo fato do Strane ter plantado na mente dela a máxima do abusador: "A culpa não era só dele, ela também quis, transformando-a (não sei se esta seria a palavra correta) em cúmplice do próprio trauma, o que não é verdade.

Para concluir, gostei muito do livro. Por ter visto que a história era perturbadora eu comecei a intercalar um capítulo de "Minha sombria Vanessa" com um livro de contos, mas não consegui parar de ler, mesmo tendo algumas pausas para digerir o que estava acontecendo e só Vanessa não via. Super indico, mas conforme adverti no início da resenha. 




segunda-feira, 8 de junho de 2020

Resenha - À espera de um milagre



Título:
 À espera de um milagre
Autor: Stephen King
Tradução: M. H. C. Côrtes
Editora: Suma de Letras
Ano: 2010

É com grande alegria que trago Stephen King para o blog. Ainda que em silêncio, as leituras não param por aqui, li quadrinhos, mangás e este livro do SK. Já assisti ao famoso filme com Michael Clarke Duncan e Tom Hanks, que viveram John Coffey (segundo o próprio personagem, se fala igual ao que é colocado no leite, mas escreve diferente) e Paul Edgecombe, respectivamente.

Lembro-me que minha mãe e eu nos emocionamos muito quando assistimos ao filme, numa dessas sessões especiais que havia (não sei se ainda existem) no SBT.

No início já sabemos o tom da história, um já idoso Paul Edgecombe, agora em uma casa de repouso, conta as memórias de quando era chefe dos guardas do Bloco E (corredor verde, que direcionava à Velha Fagulha, a cadeira elétrica), na Penitenciária Estadual de Cold Mountain.

Paul intercala passado e presente em sua narrativa, fala dos detentos do ano de 1932, que foram condenados à cadeira elétrica. E é assim que conhece o gigante John Coffey, acusado por um crime que não cometeu, mas sabemos como os negros são tratados até hoje, então é só estudar um pouco de história.

* PEQUENO SPOILER *

Um título e enredo bem diferentes do que estamos acostumados quando se trata de King, o milagre do qual se fala é John Coffey, que tem uma habilidade muito especial.

* FIM *

Creio que qualquer detalhe a mais que eu trate aqui, será desnecessário e vai tirar a curiosidade de quem achou esta resenha, o livro deve ser lido por quem tiver o interesse, confesso que eu mesma quase abandonei a leitura quando iniciei, porque nem parecia muito a escrita de King, que eu aprendi a gostar, mas eu persisti e não me arrependo, a não ser pela agonia e incômodo que a história causa. 

Em 400 páginas, o autor consegue se aprofundar até mesmo nos personagens que aparecem pouco. Nós os odiamos e/ou amamos com a mesma intensidade.

Aos que como eu, assistiram ao filme antes de ler, acho que a leitura fica densa e tensa porque já conhecemos e amamos John Coffey e devido ao atual momento histórico mundial.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Resenha - The Outsiders, Vidas sem rumo


Título: The Outsiders - Vidas sem rumo
Autora: S. E. Hinton
Tradução: Ana Guadalupe
Editora: Intrínseca
Ano: 2020

Você já pensou em delinquentes? Mas como são os seus? Porque os de Susan E. Hinton são apenas adolescentes que em tenra idade provaram o fel da vida.

Engraçado... Há autores que nem mesmo em mil páginas conseguem dar um mínimo de profundidade a seus personagens e Hinton em pouco mais de duzentas, nos mostra um universo no qual nunca imaginaríamos adentrar.

A história é focada em Ponyboy, Sodapop e Darrel, órfãos, que junto de seus amigos, Steve, Two-Bit, Johnny e Dallas integram a gangue dos Greasers, garotos do lado ruim da cidade, que estão sempre em enfrentamento com os Socs ou Socials, que nós conhecemos como "mauricinhos".

Perto de todas as dificuldades, Ponyboy tinha uma vida normal, com suas leituras e filmes, até ele, Johnny e Dallas trombarem com meninas Socs no cinema... Em horas as vidas de Pony (maneira que ele é carinhosamente chamado pela galera) e Johnny dão um giro completo, quando um acontecimento os obriga a fugir para não serem acusados e detidos sem que sejam totalmente culpados. 

E é aí que a aventura começa. Parece que se passou um tempão, mas toda esta confusão durou somente 5 dias, sendo o último deles mais emocionante, quando Johnny e Pony salvam crianças que estavam no lugar que fora seu esconderijo durante os dias de fuga e estava em chamas. 

Ponny e Dallas se safam, porém Johnny fica em estado crítico.

E desse momento em diante, a única coisa que posso dizer é "Permaneça dourado"! 

E o resto, bem o resto, seria spoiler, acho que até para quem assistiu ao filme de 1983. Este ano fiz uma releitura da obra e acho que me emocionei mais ainda. Para quem viveu anos com o clássico de um jovem narcisista e inconsequente, que nunca levava a culpa, mas tudo estava lá, impresso no retrato, figurando como livro preferido no mundo, mudar de ares foi uma coisa maravilhosa.

Abaixo, segue o poema de Robert Frost, que Pony declama num dos dias em que ficam escondidos:

O primeiro verde da natureza é dourado,
Para ela, o tom mais difícil de fixar.
Sua primeira folha é uma flor,
Mas só durante uma hora.
Depois folha se rende a folha.
Assim o Paraíso afundou na dor,
Assim a aurora se transforma em dia.
Nada que é dourado fica.

Permaneçam dourados! (O que sei lá porquê me lembra o "Stay foolish, stay hungry", de Steve Jobs).

 

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Resenha: As bruxas


Título: As bruxas
Autor: Roald Dahl
Tradutor: Jefferson Luiz Camargo
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2016

Qual criança dos anos 90 não se lembra de Anjelica Huston na pele da bruxona que transformou dois garotinhos em rato? Pois é! E o livro que deu origem ao roteiro deste filme foi "As bruxas".

Falando primeiramente da escrita, maravilhosa, doses certas de humor e seriedade, sem vocabulário rebuscado. 

Tendo assistido ao filme antes, bem antes da leitura, é meio impossível não comparar, mas não são comparações negativas, de nenhuma maneira. 

Se no filme estávamos acostumados com o protagonista ter o nome Luke, no livro não temos um nome e em vez da vovó contar os "causos" de bruxas, é ele que reconta o que ouviu da avó. O que para mim gerou um questionamento, mas deixarei para o final.  

Basicamente o "miolo" da trama é bem parecido com o filme (sei que o livro veio antes, mas como minha única referência era o filme...), salvo algumas pequenas diferenças, uma delas, por exemplo, é a inexistência da da "secretária" da Grã-Bruxa, além de outras "graças", para deixarem o filme mais engraçado.

Num geral o livro é muito bom, flui, tanto que li em um dia, quase. O que talvez decepcione os fãs do filme é o final, um tanto diferente e até triste, sob alguns olhares. Pelas minhas andanças na internet, vi que Dahl não curtiu o que fizeram no final. Sinceramente, achei bem "instigante" de alguma forma, porque nos deixa aquela dúvida do quê houve depois, já que o narrador é o garoto que foi transformado em rato... Eu fiquei e ainda estou: Será que ele era um ratinho tããão esperto assim e escreveu sua trágica memória sozinho? Pediu à avó que escrevesse? Ou em suas andanças pelo mundo, teve o feitiço revertido antes de morrer, podendo levar uma vida normal??? 
Gostei de pensar que Luke era muito esperto, assim não destrói a magia.

Assim, este detalhe se torna algo bem positivo, pois os pequenos e até nós mesmos temos de nos conscientizar de que nem tudo será como esperamos/queremos, ensinando também a resiliência, já que em diversas passagens o protagonista diz estar satisfeito como rato ou o quanto sua nova condição é divertida.

Obrigada!

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Resenha: "Mulherzinhas" e filme "Adoráveis mulheres"

Livro



Título: Mulherzinhas
Autora: Louisa May Alcott
Editora: Zahar
Ano: 2019

No dia 26/04 eu terminei a leitura de "Mulherzinhas" ou "Adoráveis mulheres". Talvez, pela cultura que temos aqui, o termo "mulherzinhas" possa soar como pejorativo, mas no decorrer da história, vemos que não. Nossas 4 protagonistas são "mulherzinhas", por, em tenra idade, precisarem assumir responsabilidades e escolhas, que ainda mais hoje em dia ninguém quer. Por isso, foram obrigadas pela vida a amadurecer, mas sem deixar as aspirações de meninas para trás.

E que livro... Tão singelo e puro, que em toda simplicidade e pureza, figura entre os clássicos da literatura mundial. Talvez o segredo para este patamar esteja aí. Há magia, sem ações mágicas! (Não estou criticando fantasia, outro gênero que gosto muito, por sinal)

Para um clássico, o livro traz pautas bem atuais, com escrita e linguagem bem fluidas, nada de um vocabulário incompreensível. A genialidade e boas referências de Alcott são incontestáveis, já que cresceu em um ambiente voltado à educação, pensamento crítico, leitura etc.

Bem, partindo para o livro, nele encontramos a história de quatro irmãs da família March, Meg, Jo, Beth e Amy (as duas mais velhas, já próximas da idade que chamamos de jovens adultos e as duas mais novas, chegando aos anos finais da adolescência), cada uma com sua personalidade marcante, suas potencialidades, fragilidades e como todo jovem: SONHOS.

Meg quer se casar, Jo, quer ser escritora, Beth não tem grandes ambições, além de ser uma pessoa boa e sempre estar por perto para auxiliar àqueles que ama e Amy sonha em ser uma grande artista plástica... Mas claro que nenhum desses desfechos viria assim, de "mão beijada", pois, pelo contexto histórico, os Estados Unidos passavam pela Guerra de Secessão e além disso, a família não estava bem financeiramente, já que perdeu todo o dinheiro que um dia teve, mas vivia "bem obrigada" e com muita dignidade.

Após a introdução das garotas, já é possível conhecer a mãe, Margaret (muito criativas as famílias naquele tempo, mas no filme ela se chama Mary), e Hannah, uma trabalhadora do lar sempre presente em tudo. Aos poucos outros personagens vão aparecendo e tomando seus lugares na trama, nos corações das meninas e consequentemente, no do leitor.

As personagens mais importantes depois do núcleo March, são os Lawrence, avô e neto, vizinhos delas e de alguma forma, seus benfeitores, a tia March, uma parente rica e rabugenta e os professores John Brooke e Friedrich Behr, homens que também serão importantes em alguns momentos das histórias de nossas "mulherzinhas" e de tudo que é aprendido com elas.

Saindo um pouco dos personagens, nota-se que o livro tem um forte apelo aos ensinamentos cristãos e pela primeira vez, isso não foi um problema para mim, apesar de todas as minhas ressalvas. Não é algo que destrói ou diminui a obra.

Não sei se a quarentena está pirando (mais) ainda minha cabeça, mas fiquei muito emotiva durante a leitura, ri, me orgulhei, desesperei e chorei com a família March. Também aprendi muito com as "mulherzinhas", ainda mais com Jo, em quem vi muito de mim, principalmente por sua intensidade e dramaticidade intrínsecas.

Confesso aqui, que Alcott foi a segunda mulher que figura na literatura clássica mundial que li. A primeira, foi Mary Shelley (não contei Clarice Lispector).

Esta edição que li de "Mulherzinhas", tem duas partes, a segunda é normalmente publicada com o nome de "Adoráveis esposas" (o que já dá um spoilerzinho), quando em volumes separados, mas neste e alguns outros volumes mais atuais é a parte 2. Além disso, a autora escreveu mais livros focando na família March, estes achei mais em inglês, mas fica aí a dica. Agora paro de descrever o livro...

Filme


(fonte: Papelpop - via google imagens)

Título: Adoráveis Mulheres
Ano: 2019
Direção: Greta Gerwig

Agora, falarei brevemente do filme, não só porque falei muito na parte do livro, mas também é desnecessário, pois a história é muito fiel e existem tantas outras versões que todos já vimos alguma vez (eu lembro um pouco daquela versão em que a Winona Ryder é a Jo). Ano passado houve um remake, com grande elenco, só para citar alguns nomes: Meryl Streep (grande dama do cinema e é isso), Emma Watson (a querida Hermione Granger da minha geração e das atuais) e Saoirse Ronan (a fofa Susie Salmon, de "Um olhar do paraíso").

O que mais me chamou a atenção foi a ótica usada no filme, que foi a da segunda parte e conforme o tempo passava, havia os flashbacks de Jo sobre os tempos de anos antes.

Minha única crítica (nem sei se seria)? É Timotheé Chalamet no papel de Laurie, conforme vi em alguns lugares, foi feito para ele, isso é fato, mas para mim, ele foi feito para ser o Laurie adolescente, dos flashbacks, mas isso não foi um problema, na verdade, só uma consideração. Apesar de saber que talvez ele figure mais vezes nos filmes da Greta, pois conheci o rosto dele em "Lady Bird".

Não tenho nem o que dizer sobre as atrizes que interpretam as irmãs March: Emma Watson (Meg) que nunca se prendeu a um papel só, Saoirse Ronan (Jo) tem muitas atuações maravilhosas, inclusive como Mary Stuart em "Duas Rainhas", Eliza Scanlen (a doce Beth) é também a mimada e problemática Ama na série "Objetos cortantes" e Florence Pugh (Amy), a protagonista do perturbador "Midsommar". O meu sentimento é o de gratidão, porque se eu tivesse como agradecê-las agora, por terem mantido as "mulherzinhas" tão apaixonantes quanto nas páginas do livro, eu o faria!

Para encerrar, gostei muito de ambas as obras e achei bem legal a ideia de um filme mostrando todas mais crescidas, para assim usar suas memórias, como um verdadeiro relato (opa, seria spoiler?)

O texto ficou comprido, mas tem aqui toda a paixão que senti lendo e assistindo.

Obrigada! 



quarta-feira, 29 de abril de 2020

Resenha: Cartas de amor aos mortos


Título: Cartas de amor aos mortos
Autora: Ava Dellaira
Editora: Seguinte
Ano: 2014

Comecei a ler este livro basicamente em seguida de "Por Lugares Incríveis". Ele foi recomendação de uma aluna em 2017, este ano ela se forma e eu quase não li o livro, já que estava no citado "tenebroso hiato".

Quando resolvi comprar pelo site da Amazon (como podem perceber, são fotos do aplicativo Kindle, porque as fotos do aparelho Kindle mesmo não ficam legais), li a premissa: Uma tarefa da aula de Língua Inglesa: escrever uma carta para alguém que já morreu, contando algo e nisso dizia que Laurel, a protagonista, realizava a tarefa. Nada muito esclarecedor...

Já falando sobre a escrita, achei muito legal o "layout" (é assim que se fala?) todo em cartas. A escrita de Dellaira também é muito boa, puxando a quantidade certa de emoção do leitor. Como falei no outro post, quebrei as barreiras que eu mesma ergui, como estudante de Letras, sobre esses novos gêneros surgindo na literatura e gostei da escrita da autora, de maneira que mantém sua ideia genial do início ao fim.

Agora, vamos a Laurel, protagonista do livro, da mesma forma que Violet em "Por lugares incríveis", perdeu a irmã mais velha, mas em circunstâncias diferentes. O texto passa a impressão de que May, a irmã que se foi, é o "sol" de todo mundo, especialmente de Laurel, que se sente tão devastada com a perda.
Aos poucos e conforme escreve para saudosas personalidades, como River Phoenix, Janis Joplin, Heath Ledger e outros, Laurel se apresenta melhor, desabafa sobre suas dúvidas, medos e inseguranças, fala de sua dificuldade em fazer novos amigos e quando a supera, confia segredos, como seus sentimentos por Sky (um garoto que eu imaginei tipo um James Dean, não sei porquê).
E nessa dinâmica das cartas, acabamos formulando algumas perguntas, mas que são respondidas aos poucos, nos fazendo desejar uma nova carta, para um maior esclarecimento. Assim sabemos do relacionamento de Laurel com os pais e a tia Amy, como May se foi, porquê ela às vezes fala com tanto remorso sobre algumas coisas, mas também é um documento de amadurecimento.
É inegável ver a evolução da protagonista durante essas cartas, eu até cheguei a ficar feliz, a chorar, me indignar e ter tantas outras reações com tudo o que ela contava.

Confesso que fiquei muito feliz com o desfecho e nenhuma vez decepcionada com a escrita da autora. Repito o que eu disse sobre Jennifer Niven, Dellaira também aborda temas densos de maneira delicada, sem provocar gatilhos (ou talvez essa parte tenha a ver somente comigo) e mostra-nos também uma questão escolar: Há professores dispostos a ajudar e às vezes uma simples tarefa pode trazer um despertar a um aluno que precisa de ajuda.


Obrigada por lerem até aqui!
Até breve!


terça-feira, 21 de abril de 2020

Resenha: Por lugares incríveis


Título: Por lugares incríveis
Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte (selo jovem da Cia. das Letras)
Ano: 2015

Eu definitivamente não sei como começar, mas como sempre digo, deve-se começar do início (bem redundante, por sinal! xD).

Conforme o post de abertura, passei muito tempo sem ler e retornei a um ritmo satisfatório para mim somente ano passado. Neste ano, para registrar o que li e lerei, decidi montar um blog. Talvez para não perder minhas impressões na correria cotidiana e quem sabe ser útil de alguma maneira, para pessoas que queiram retornar ao mundo da leitura, apesar de não ser este o foco...

Por isso, o livro "pontapé" dos registros é "Por lugares incríveis", escrito por Jennifer Niven. Talvez agora eu não me detenha em muitas especificidades da autora, mas para os próximos posts posso trazer mais informações.

Bem, como boa (ou não) professora de Língua Portuguesa que sou, achei a escrita de Jennifer bem fluida, cheia de clareza (legal destacar também que cada capítulo é contado por um dos dois protagonistas, o que é muito bom, assim o livro não ficou unilateral demais), tanto que li em menos de 24 horas. Não é uma pressão, mas um efeito da quarentena, rs.

A história é protagonizada por dois adolescentes, Finch e Violet, residentes no estado de Indiana, que antes já se conheciam, mas são unidos por um trabalho de geografia, que consistia em visitar pontos turísticos e/ou atrações de seu estado.

Mas no decorrer deste trabalho, eles descobrem mais coisas que os unem. Violet perdeu a irmã quase um ano antes, aparentemente toda sua vontade de viver foi arrebatada com a vida de Eleanor, incluindo sua paixão pela escrita, já que elas tinham um site juntas e Finch era obcecado pela morte (nota-se isso na maneira como se conhecem), com um passado meio doloroso, não revelado explicitamente pela autora, apesar de termos boas deixas, como as conversas com o conselheiro escolar, a separação de seus pais, a maneira que ele fala da mãe etc.

Dizer que Violet e Finch se apaixonam seria "spoilar"??? Porque parece meio óbvio, quando se trata de romances escritos diretamente para o público jovem. 

Mas acontece que não só o coração de Violet foi arrebatado por Finch, mas o meu também! 🖤

E no desenrolar deste romance, acontece o inesperado: "Por lugares incríveis" torna-se um incentivo à procura de ajuda, pois às vezes, sozinhos não conseguimos sair de um abismo, podemos não dar conta dos monstros que nos assombram e acabamos vencidos por eles, como Finch foi. 

Talvez o motivo de ter ligado meu coração ao de Finch, tenha sido o fato de eu já ter sido um Finch (mais controlado, talvez) e ter encontrado meus lugares incríveis sólidos, principalmente naqueles que eu amo e retornam este amor.

Claro que fica muito explícito que eles vão a alguns lugares e que tudo fica incrível porque eles têm um ao outro, mas também, nossos lugares incríveis podem ser pessoas...

Enfim, engana-se quem pensa que este livro é somente para adolescentes lerem. Todo mundo deveria lê-lo, principalmente nós, adultos, afinal, quantos Finchs podem estar ao nosso redor, não é mesmo? 

Bem, eu gostei realmente de tudo, não sei se por conviver com adolescentes quebrei a barreira de "preconceito literário", mas consegui ver toda a importância e delicadeza de Niven ao abordar temas tão (de alguma forma) pesados. 
E enquanto professora, vejo que a escola está a anos-luz de compreender e ser empática com estes mesmos temas.

Obrigada por ter lido até aqui! 

Até a próxima! 




sexta-feira, 17 de abril de 2020

Livros e quarentena

Em um período como o atual, é muito difícil encontrar o que fazer e entre algumas atividades tenho ficado bem com leitura.
Não só pelo ato de ser levada a outros lugares, mas também por consumir alguma coisa que não me consumirá.

Eu passei uns 3 anos sem ler NADA, abrindo e fechando livros (que com certeza seriam leituras prazerosas para mim) e mal passando das primeiras páginas. E enquanto professora de Língua Portuguesa (eu não sei se algum dia falaria sobre minha profissão aqui), eu me sentia uma farsa, falando da importância da leitura e não conseguindo ter foco para realizar nenhuma.

Mas ano passado eu tomei uma decisão: Voltaria a ler e participaria desses desafios de leitura, para me cobrar um pouco mais, porque não era possível algo que sempre amei tornar-se tão distante sem que eu fizesse algo para mudar a situação. Foi então que consegui. Não me forcei a ler só um gênero, li até autoajuda! Quebrei diversas barreiras de preconceito literário, esqueci "fanbases", pedi sugestões aos meus alunos (principalmente uns dois fãs de Stephen King) e me aventurei. Acho que não poderia ter feito coisa melhor...
Ano passado postei praticamente tudo que li no Instagram, mas não fiquei satisfeita. Seria preciso algo mais.

E foi durante a leitura de "Por lugares incríveis", da Jennifer Niven que nasceu a ideia de mostrar o que eu tenho lido e o que acho de tudo isso. Apesar de eu já ter esse hábito no Instagram, não é possível fazer resenhas ditas decentes ali (não para mim) e eu também não tenho uma super familiaridade com vídeos, não tenho equipamentos etc e tal. E talvez, blogs estejam um pouco "ultrapassados", então dificilmente eu serei "vista", lida ou seja lá qual for o termo adequado e se for, não tem problema (mentira, tem muito problema sim).

O nome veio de uma fofa realidade: tenho 4 gatos e mesmo que exista escova, rolinho adesivo, aspirador de pó e tantos outros "artefatos", não dá para vencer os pelos dos bichanos, então tudo fica meio felpudo, incluindo a estante.